“Mais do que exposição, uma festa”

Na solenidade de abertura do I FestOrquídeas de Fortaleza, o Presidente da Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO), jornalista Italo Gurgel, fez o seguinte pronunciamento:

O I FestOrquídeas de Fortaleza se apresenta como uma celebração de amor à natureza. Mais do que uma exposição, é uma festa. Uma festa onde a atração principal são as orquídeas, mas onde também os amigos se reúnem, onde associações orquidófilas de vários estados marcam encontro, onde colegas mais experientes partilham conhecimentos com os demais, onde se coloca em destaque a necessidade de preservação dos ambientes naturais que ainda guardam algumas das 3.500 espécies de orquidáceas brasileiras.

O FestOrquídeas também comemora os 30 anos da orquidofilia cearense, uma história que começou a 26 de outubro de 1977, com a instalação da Sociedade (hoje, Associação) Cearense de Orquidófilos. Foi em torno dessa idéia que preparamos esta festa, evocando o nome e homenageando os nossos precursores, representados por Gerardo Carvalho, que denomina o prêmio destinado à planta escolhida através do voto popular.

É para nós uma imensa satisfação receber delegações de vários Estados, que viajaram algumas centenas de quilômetros para esta confraternização em torno das orquídeas. E aqui eu abraço os companheiros orquidófilos que vieram do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e de Minas Gerais. Desejo a todos que Fortaleza lhes abra os braços com a bem-querença com que o labelo recebe a visita do agente polinizador. Ao se falar de orquídeas, todas as metáforas são perdoáveis.

Mas é necessário descermos ao plano da realidade, do concreto, quando nos reportamos às condições a que estão submetidas, em seu habitat, as orquidáceas brasileiras, altamente ameaçadas pela coleta predatória e pela devastação do que resta de nossa paisagem natural. Nesse preocupante contexto, é das mais oportunas a mensagem que nos passa o Dr. Darly Machado. Numa entrevista ao Boletim ACEO, na edição que hoje colocamos em circulação, diz o Presidente da Associação Brasileira de Orquidólogos: “É urgente as associações orquidófilas compreenderem que não podem mais ficar centrando suas atividades em uma exposição anual e que partam para uma atividade voltada para a preservação das orquídeas”.

Na Associação Cearense de Orquidófilos, antes mesmos de recebermos o recado do querido mestre, temos procurado dar uma contribuição positiva ao esforço pela preservação do meio ambiente em nosso Estado, uma causa extremamente relacionada ao que determina o próprio Estatuto da ACEO. Em seu Art. 2º. item C, determina aquele documento, como um dos objetivos da Associação, lutar pela preservação das espécies de orquídeas em seu meio ambiente e apoiar programas visando à pesquisa de espécies nativas, sua reprodução e reintrodução em seus habitats.

Não foi outra a razão pela qual nos envolvemos na idéia de criação do Orquidário da Universidade Federal do Ceará, núcleo a partir do qual poderão, no futuro, ser deflagrados projetos de reprodução e reintrodução de espécies nativas cearenses em nossas serras úmidas e em outros ambientes. Não foi outro o motivo pelo qual passamos a colaborar com a SEMACE na idéia de salvar o que resta de mata nativa na serra de Uruburetama, berço de nossa mais bela Cattleya labiata. Com certeza, outros desafios se apresentarão no futuro, cabendo a nós, amantes declarados da natureza, um papel essencial na preservação dos ambientes naturais, onde pulsam as orquídeas – as mais notáveis manifestações do ordenamento cósmico.

Meus amigos, sem querer me prolongar, além do suficiente para deixar claro por que o I FestOrquídeas é uma celebração de amor à natureza, é meu desejo, aqui, tecer oportunos agradecimentos.

O primeiro deles é àquela teia de apoiadores que se formou para viabilizar esta festa. E eu citaria, por ordem alfabética, realçando o profundo agradecimento da ACEO a cada um deles, o Banco do Nordeste, a Cameron Construtora, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o Cetrede, a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, a MB Engenharia, os Móveis Rustic, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, a Semace e a Universidade Federal do Ceará, esta última, através da Casa de José de Alencar, onde temos a nossa sede informal.

Agradeço àqueles companheiros mais experientes que se dispuseram colaborar conosco e a repartir seus conhecimentos, seja participando da Comissão Julgadora, seja proferindo palestras e ministrando cursos. Refiro-me a José Francisco Vannucchi, Leonardo Freitas do Valle, Luís Wilson Lima Verde, Roberto Takane e Waldir Lima Leite – também em ordem alfabética.

Quero agradecer ao Orquidário Flores do Lago, que inundou de cores e perfumes o ambiente de nossa exposição.

Agradeço ao esforço desenvolvido, por nossos companheiros da ACEO, para que esta exposição acontecesse, com a dimensão e o brilho que pretendíamos lhe dar. Em nome de nosso Vice-Presidente, Arilo Veras, saúdo e agradeço a todos.

Agradeço àqueles que sacrificaram o feriado de 15 de novembro no esforço de montagem da exposição. Agradeço à Comissão Organizadora deste FestOrquídeas, que despendeu dezenas de horas de trabalho – além de muitos tanques de combustível – na preparação dos mil e um detalhes do evento. E aqui faço questão de citar nominalmente, sempre em ordem alfabética, pois todos foram igualmente importantes, a Emília Canário, a Juliana Coelho (diretora da exposição), o Marco Aurélio (responsável pela ambientação) e a Vera Coelho.

A todos os que vieram, de longe ou de perto, prestigiar esta celebração da natureza, externo nossa imensa satisfação em recebê-los. Tenho certeza de que, com as energias que emanam deste evento, seremos capazes de colaborar na construção de uma sociedade mais justa e menos desigual, mais solidária e tão harmônica quanto as peças florais de uma bela orquídea. Aquele mundo que existe do outro lado de nossos orquidários nós não podemos ignorá-lo, mas podemos buscar o que nos cabe fazer, como cidadãos, para torná-lo um mundo melhor, sem violência, sem corrupção, sem prostituição infantil, sem dogmas ou totalitarismos; um mundo sem queimadas, sem derrubada das florestas e, se possível, sem cochonilhas.

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