Entrevistas – nº 18: Missão da ACEO é lapidar nova geração de orquidófilos, diz Italo Gurgel

Para Italo, defesa do meio ambiente também é missão das entidades orquidófilas.

Italo Gurgel é jornalista e professor universitário. A atualmente é coordenador de Comunicação Institucional da Universidade Federal do Ceará e preside a Academia Cearense da Língua Portuguesa. Orquidófilo há 11 anos, participou do pequeno grupo que reativou a ACEO, em 2006, e depois presidiu a entidade por dois períodos consecutivos. Na atual gestão, é 1º secretário e diretor de Comunicação. Conversando com a presidente Vera Lúcia Matos Coelho, ele fala do movimento orquidófilo e faz um balanço de seu período administrativo:

Vera Coelho – Como você consegue conciliar trabalho, família, academia e orquidofilia?

Italo Gurgel – Procurando capitalizar o melhor de cada uma de minhas atividades e “deletando” da memória, rapidamente, os aspectos negativos; resolvendo os problemas na medida em que eles vão se apresentando; e reservando para a família e as orquídeas meus momentos de lazer.

VC – O que é a ACEO para você?

IG – Para mim, a ACEO é um patrimônio do Ceará. É uma entidade fundada há 34 anos e tem uma história para contar. Grandes orquidófilos cearenses passaram por ela e, hoje, a ACEO tem a missão de lapidar uma nova geração de bons cultivadores. Paralelamente, tem o dever de alertar a sociedade para a questão ambiental, pois enfrentamos desafios como o desaparecimento da Cattleya labiata, subtraída criminosamente de nossas serras. Acho fundamental a Associação investir nesse conteúdo, não se restringindo a discutir substratos, adubos, defensivos, armação das flores…

VC – Você dirigiu a ACEO entre 2007 e 2011. Quais teriam sido as principais conquistas da Associação nesse período?

IG – A primeira e mais importante foi o fato de reviver nas pessoas o interesse pela Associação. Antigos orquidófilos voltaram a frequentar a entidade, somando-se a dezenas de novos associados, que “descobriram” as orquídeas nas exposições que realizamos. A ACEO se reestruturou, organizou-se como uma entidade moderna e atuante, e tornou-se conhecida dentro e fora do Ceará. A partir de um núcleo inicial de oito pessoas, em 2006, ultrapassa hoje os 100 associados.

VC – E quais foram as ferramentas usadas para tornar a ACEO conhecida?

IG – Investimos nas exposições, realizando-as nos mais diferentes ambientes, a fim de atrair os mais diferentes públicos. As reuniões mensais, no mesmo local e horário, sempre tiveram conteúdo, temas a serem apresentados e discutidos, não limitando os participantes a uma apreciação subjetiva das flores. Estabelecemos parcerias, a exemplo da que firmamos com o Orquidário Santa Bárbara, e insistimos na condenação ao comércio de orquídeas retiradas da mata. Por fim, criamos o site www.orquidofilos.com, que divulgou a ACEO extraordinariamente e hoje contabiliza mais de 11 mil acessos mensais.

VC – O que você citaria, dentre as conquistas da ACEO, como uma contribuição pessoal sua?

IG – A ACEO é uma criação coletiva – é sempre bom lembrá-lo. Há um pequeno grupo sobre o qual pesa uma enormidade de tarefas (não vou citar nomes para não ferir suscetibilidades), mas todo o contingente de associados é importante para o sucesso da Associação. Mesmo assim, eu citaria algumas ações onde eu pude dar uma contribuição pessoal, derivada talvez de minha experiência profissional. Refiro-me, por exemplo, à comunicação. A ACEO é uma entidade que se comunica, que mostra sua cara para a sociedade, porque acredita que isto facilita a missão de divulgar a orquidofilia e a defesa ambiental. Em meus dois mandatos, insisti também em duas características que coloquei como estratégias fundamentais: o profissionalismo e a originalidade.

VC – Em que consistem essas estratégias?

IG – Abomino o amadorismo. Tudo o que procuramos fazer foi com profissionalismo e qualidade. Não hesitamos em pagar bons profissionais para produzir nossos cartazes, folders, nossa belíssima logomarca, nosso magnífico troféu – a “Labiata de Ouro”. Ao mesmo tempo, procuramos não imitar ninguém. É o que chamei de política da originalidade. Tento não me deslumbrar, quando visito outras exposições, para não ser tentado a copiar qualquer ideia. Confio no talento e criatividade do nosso povo e foi com base nele que procurei desenhar a “cara” da ACEO nessa nova fase da Associação.

VC – Você teria sugestões a dar às futuras administrações?

IG – O que espero é ver a ACEO aprofundando suas conquistas: dando conteúdo às reuniões, trabalhando a unidade do grupo e harmonia entre os associados, dialogando com as outras entidades orquidófilas nordestinas, defendendo a boa causa ecológica, incentivando a produção e comércio de orquídeas no Ceará (mas sem se envolver nessas atividades), e aprimorando seu próprio estilo, sua marca. Quem não imita ninguém, termina sendo imitado. E isto é ótimo!

2 comentários em “Entrevistas – nº 18: Missão da ACEO é lapidar nova geração de orquidófilos, diz Italo Gurgel”

  1. Gostei muito desta iniciativa. Entrevistas como estas sâo de grande importancia para o mundo da leitura e dos apaixonados pela natureza.
    Estou feliz em poder ter estas oportunidades de informações.

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  2. Todos somos responsáveis pelo retorno das labiatas as matas. devemos repovoar nossas parcas florestas com suas plantas originais, aqui em São Leopoldo estmos colocando novamente plantas na mata de beira de rio.

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